18/02/2010 22:03

SÉCULO XVII – O GRANDE RACIONALISMO

Por Caíque Rocha 

 

Os séculos XVI e XVII no “mundo ocidental” foram marcados por profundas mudanças na forma de pensar. O homem, anteriormente visto como contemplador da ciência e da natureza, preocupado apenas com “a busca das coisas do alto”, e com a “morada celeste”, que deveria ser construída por meio de práticas das virtudes: caridade, amor ao próximo e a prática do bem, pregadas nos Evangelhos, passa a ser senhor de si e da natureza, dominando a esta, e usando-a em benefício próprio, como objeto da ciência.

Contudo, não tendo o mundo aderido a esta proposta, o homem perdeu o seu lugar nele. Ou mais especificamente, ele perdeu o mundo que formava o quadro de sua existência, sendo obrigado a desprezar os valores existentes, para conceber novos e gerar um novo mundo, que atendesse às sua vontades, reestruturando a forma de pensar, e por consequência disso, a de agir.

Os filósofos racionalistas buscavam um método que permitisse a construção do legítimo e seguro conhecimento. Esse método era um instrumento da razão, uma luz natural que pode conhecer tudo o que estiver ao seu alcance, diferentemente da luz sobrenatural (Deus), que por sua vez, conhece tudo. A luz natural só tem conhecimento se for iluminada pela luz sobrenatural, pois aquela sofre impotência, mesmo que seja para conhecer as verdades naturais, a menos que sustentada pela sobrenatural. O método é um conjunto de regras e ordens que permitem organizar por meio de uma cadeia de razões, todas as idéias.

As mudanças ocorridas por meio da corrente racionalista podem ser sintetizados em dois elementos que estão ligados entre si: a destruição do cosmo e a geometrização do espaço.

A primeira é a destruição do mundo como é conhecido, como um todo finito e ordenado, onde a estrutura espacial concebia uma hierarquia de graus de valor e de perfeição, indo da matéria ao espírito, do corruptível ao incorruptível (que é eterno e puro). O mundo ordenado e fechado é então trocado por um universo infinito, que não comporta a hierarquia natural e apenas se apresenta unido pela identidade das leis e regras que o regem.

A geometrização do espaço foi decorrente das leis físicas da gravitação e da queda livre, que expulsaram do pensamento científico as noções de valor, perfeição, hierarquia e de finalismo, divorciando o mundo neutro dos fatos governados pelas relações de causas e efeitos do mundo dos valores.

O racionalismo foi um marco na história da humanidade, que passa a ser agente da sua vida, escrevendo sua própria história. Aqui, Deus é visto como sendo apenas aquele que ilumina as idéias, e não como quem está nos bastidores de tudo, fazendo as coisas acontecerem, tal como ocorrera na Idade Média. Devemos lembrar aqui que os fatores históricos foram os principais responsáveis pelo surgimento dessas idéias, pois embora a humanidade evolua constantemente, é necessário um “empurrãozinho” para que ocorra esta evolução, tanto física como racional.

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